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Sombrinha revê amigos ao repisar 50 anos de samba e suor em show no Rio

Sombrinha (à esquerda) e Jorge Aragão cantam 'Marcas no leito', primeira música de Sombrinha gravada em disco Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio ♫ OPINI...

Sombrinha revê amigos ao repisar 50 anos de samba e suor em show no Rio
Sombrinha revê amigos ao repisar 50 anos de samba e suor em show no Rio (Foto: Reprodução)

Sombrinha (à esquerda) e Jorge Aragão cantam 'Marcas no leito', primeira música de Sombrinha gravada em disco Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio ♫ OPINIÃO SOBRE SHOW Título: 50 anos de carreira Artista: Sombrinha Data e local: 8 de setembro de 2025 na casa Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ) Cotação: ★ ★ ★ ★ ♬ Talvez pela ausência de carisma ou por falta de vocação para o estrelato, Sombrinha nunca alcançou a popularidade e o sucesso pessoal obtidos por bambas contemporâneos como Arlindo Cruz (1958 – 2025), Jorge Aragão e Zeca Pagodinho, ainda que todos os quatro sejam grandes na mesma medida. Contudo, na noite de segunda-feira, 8 de setembro, o cantor e compositor paulista ficou sob os holofotes principais da casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), onde Sombrinha apresentou o inédito show 50 anos de carreira sob a direção artística de Diogo Nogueira e a direção musical de Rafael dos Anjos. Ao repisar cinco décadas de samba e do suor acumulado ao longo da batalha, como sintetizou ao recitar a letra de Navalha (Sombrinha, Arlindo Cruz e Marquinho PQD, 1991) enquanto caminhava para o palco, Sombrinha saiu da... sombra em show que alcançou pico de emoção com o choro incontido durante a homenagem ao parceiro Arlindo Cruz no canto de Seja sambista também (Sombrinha e Arlindo Cruz, 1984). Navalha foi samba lançado pelo grupo Só Preto sem Preconceito em 1991, mas a maioria das 35 músicas do roteiro veio do repertório do Fundo de Quintal, grupo integrado por Sombrinha entre 1980 e 1992, ano em que o cantor saiu para seguir carreira solo que nunca foi tão bem-sucedida quanto as dos companheiros Arlindo Cruz e Jorge Aragão. Falecido há um mês, Arlindo já não pôde estar presente no show, mas Aragão compareceu para imprimir a voz grave em Marcas no leito (Sombrinha, Jorge Aragão e Jotabê, 1981), primeira música de Sombrinha registrada em disco, no caso por Alcione. Sem aviso prévio, Zeca Pagodinho surpreendeu o público ao entrar no palco para cantar com o anfitrião Alto lá (Sombrinha, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho, 2000), sucesso de Pagodinho. Irmão de Sombrinha, Sombra – nome e rosto pouco conhecido fora das rodas cariocas – foi um dos previamente anunciados convidados do show, gravado para gerar álbum ao vivo. Sombra e Sombrinha uniram afetos ao fazerem Mutirão de amor (Sombrinha, Jorge Aragão e Zeca Pagodinho, 1983), um dos grandes sambas lançados por Alcione na discografia feita pela cantora na gravadora RCA / BMG-Ariola entre 1982 e 1996. Sombrinha em número solo do show '50 anos de carreira', gravado ao vivo na casa Vivo Rio (RJ) na segunda-feira, 8 de setembro Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio Samba pouco ouvido, lançado há 20 anos pela cantora Juliana Diniz, Ares do céu (Sombrinha, Sombra e Jotabê, 2005) teve o lirismo poético e melódico valorizado pela voz de Nina Wirtti e pelo toque do acordeom de Bebê Kramer. O acordeom de Kramer também sublinhou a vivacidade de Quem mandou, grande e vibrante samba inédito de Sombrinha em parceria com Xande de Pilares – convidado do número – e com Marquinho PQD. Quem mandou conjuga a pulsação do partido alto com a cadência do samba baiano e com o toque rural do calango. A parceria de Sombrinha com Sombra e com Luiz Carlos da Vila (1949 – 2008) foi iluminada com o canto do samba menos conhecido E fez-se a luz (1989) – unido em medley com Nascente da paz (Sombrinha e Adilson Victor, 1989) – e com a lembrança das obras-primas A oitava cor e Além da razão, dois sambas de 1988 dignos de figurar em qualquer antologia do gênero por afinar melodia e letra em tons sublimes. Com Diogo Nogueira, que assinou a direção geral do show com a irmã Clarisse Nogueira, Sombrinha reacendeu Fogo de saudade (Sombrinha e Adilson Victor, 1986), evocando a chama impagável de Beth Carvalho (1946 – 2019), intérprete original do samba. E tudo acabou em samba batido na palma da mão para marcar o ritmo dos altos partidos irmanados no medley que uniu Não quero saber mais dela (Sombrinha e Almir Guineto, 1984), Malandro sou eu (Sombrinha, Arlindo Cruz e Franco, 1985) e Na paz de Deus (Sombrinha, Arlindo Cruz e Beto sem Braço, 1986) ao fim de show que evidenciou a grande contribuição dada por Sombrinha ao samba a partir da década de 1980 em batalha vencida com suor e a luz da inspiração. Sombrinha (à esquerda) reacende 'Fogo de saudade' com Diogo Nogueira, diretor artístico do show '50 anos de carreira' Ricardo Nunes / Divulgação Vivo Rio

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